Currículo escolar do Iraque ainda evita falar de Saddam Hussein e é prejudicado por divergências sectárias.
Durante a época mais radical da violência sectária do Iraque, ela viu com seus próprios olhos os corpos espalhados pelo pátio da escola onde agora trabalha como diretora. Mas May Abul Wahab não pode ensinar nada aos alunos sobre a invasão americana do Iraque ou o governo de Saddam Hussein que tirou do poder. "Ambos não existem", disse Wahab, diretora da escola de ensino médio em Bagdá onde estudou quando criança.
Mas como muitas pessoas aqui, ela não tem pressa para um acerto de contas acadêmico com Saddam Hussein. "Ele esteve no poder durante 35 anos. Se o adicionarem à história em 35 anos, seria cedo demais", disse. "Nós não queremos ouvir falar dele".
Durante as mais de três décadas de ditadura de Saddam, a educação, especialmente o estudo de História, foi um instrumento de doutrinação aos preceitos do partido Baath e um mecanismo para promover o culto ao ditador.
Após sete anos de guerra, a tarefa de resgatar a história do Iraque para seus estudantes tem sido prejudicada pela política e os temores de divergências sectárias, que neste país frequentemente acabam em sangue.
Em 2008, o governo iraquiano começou a revisar seu currículo escolar, sob a orientação da Unesco, um processo que continuará até 2012. "O principal problema é com os sectários", disse Mohammed Al-Jawahri, diretor-adjunto de currículo do Ministério da Educação. "Cada fragmento da sociedade está tentando remover aquilo com o que não concorda".
Al-Jawahri se referia ao currículo islâmico, uma mistura de História e ensino religioso que é ministrada nas escolas públicas e também está no meio de uma revisão. "Por exemplo, a reza", ele disse. "Os xiitas mantêm as mãos para baixo em linha reta. Os sunitas cruzam os braços. Então, qual estilo que devemos seguir?", pergunta.
Uma resposta óbvia - ensinar ambos - não é uma solução fácil em um país atormentado por seu passado recente de conflitos sectários.
Em um livro de história usado no curso para alunos do ensino médio, a queda de Saddam é abordada apenas de leve - são feitas referências apenas ao "antigo regime" ou "ditador".
O texto compara a repressão política, protesto e descontentamento entre os povos do Iraque antes do golpe de 1958 que derrubou a monarquia hachemita com a reação do público aos crimes de Saddam Hussein, do uso de armas químicas contra os curdos em 1988 à repressão violenta da revolta xiita de 1991, após a Guerra do Golfo.
Não há menção da invasão dos Estados Unidos. Quando a guerra é mencionada em sala de aula, alguns professores mudam de assunto rapidamente. Mas outros consideram que é necessário incentivar o debate, mesmo que seja para além dos limites daquilo que têm autorização para ensinar.
Khazi Mutlaq, o oficial que é responsável pela democratização das aulas do Iraque, disse que o objetivo do Ministério da Educação é "fazer do currículo de história um instrumento para unificar o povo iraquiano".
Durante a época mais radical da violência sectária do Iraque, ela viu com seus próprios olhos os corpos espalhados pelo pátio da escola onde agora trabalha como diretora. Mas May Abul Wahab não pode ensinar nada aos alunos sobre a invasão americana do Iraque ou o governo de Saddam Hussein que tirou do poder. "Ambos não existem", disse Wahab, diretora da escola de ensino médio em Bagdá onde estudou quando criança.
Mas como muitas pessoas aqui, ela não tem pressa para um acerto de contas acadêmico com Saddam Hussein. "Ele esteve no poder durante 35 anos. Se o adicionarem à história em 35 anos, seria cedo demais", disse. "Nós não queremos ouvir falar dele".
Durante as mais de três décadas de ditadura de Saddam, a educação, especialmente o estudo de História, foi um instrumento de doutrinação aos preceitos do partido Baath e um mecanismo para promover o culto ao ditador.
Após sete anos de guerra, a tarefa de resgatar a história do Iraque para seus estudantes tem sido prejudicada pela política e os temores de divergências sectárias, que neste país frequentemente acabam em sangue.
Em 2008, o governo iraquiano começou a revisar seu currículo escolar, sob a orientação da Unesco, um processo que continuará até 2012. "O principal problema é com os sectários", disse Mohammed Al-Jawahri, diretor-adjunto de currículo do Ministério da Educação. "Cada fragmento da sociedade está tentando remover aquilo com o que não concorda".
Al-Jawahri se referia ao currículo islâmico, uma mistura de História e ensino religioso que é ministrada nas escolas públicas e também está no meio de uma revisão. "Por exemplo, a reza", ele disse. "Os xiitas mantêm as mãos para baixo em linha reta. Os sunitas cruzam os braços. Então, qual estilo que devemos seguir?", pergunta.
Uma resposta óbvia - ensinar ambos - não é uma solução fácil em um país atormentado por seu passado recente de conflitos sectários.
Em um livro de história usado no curso para alunos do ensino médio, a queda de Saddam é abordada apenas de leve - são feitas referências apenas ao "antigo regime" ou "ditador".
O texto compara a repressão política, protesto e descontentamento entre os povos do Iraque antes do golpe de 1958 que derrubou a monarquia hachemita com a reação do público aos crimes de Saddam Hussein, do uso de armas químicas contra os curdos em 1988 à repressão violenta da revolta xiita de 1991, após a Guerra do Golfo.
Não há menção da invasão dos Estados Unidos. Quando a guerra é mencionada em sala de aula, alguns professores mudam de assunto rapidamente. Mas outros consideram que é necessário incentivar o debate, mesmo que seja para além dos limites daquilo que têm autorização para ensinar.
Khazi Mutlaq, o oficial que é responsável pela democratização das aulas do Iraque, disse que o objetivo do Ministério da Educação é "fazer do currículo de história um instrumento para unificar o povo iraquiano".
Fonte:iG
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