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terça-feira, 19 de julho de 2011

João Paulo está fora da Matrix

Opinião
Há um enorme equívoco na avaliação de que o ex-prefeito João Paulo de Lima e Silva seria capaz de deixar o PT para disputar a Prefeitura do Recife no próximo ano. Não o fará, porque já não governa seu destino político e a menos que aceite a ideia de uma aventura suicida noutra sigla, terá que esperar e sentir “o rumo do vento” para ver como define o seu.

João Paulo agora sabe que perdeu a chance de governar seu destino em 2009 quando recusou o apelo do então presidente Lula da Silva e da então possível candidata Dilma Rousseff, para que abrisse mão da escolha pessoal do atual prefeito João da Costa em favor do hoje senador Humberto Costa.

Até aquele dia, João Paulo tinha agido certo. E se revelara jogador hábil quando no dia em que João da Costa se elegera deputado estadual, o então prefeito o anunciou como candidato à Prefeitura do Recife. Marcara o lugar. E sabia que poderia tirá-lo a qualquer momento.

Além disso, o gesto impedira qualquer atuação dentro de sua gestão dos demais lideres do PT. Com João da Costa candidato, nenhum deles daria mais nenhum “pitaco” na gestão que ainda duraria dois anos e cujo slogan dizia que a grande obra era cuidar das pessoas. E naquele momento, João Paulo estava cuidando das suas. Mas, os problemas começaram quando Lula começou a pressioná-lo por Humberto Costa.

Naquela época, João Paulo fez uma conta - até certo ponto correta - de que Humberto Costa não deveria ser ouvido nem cheirado para nada. Porque entendia que deveria continuar mandando na sua prefeitura, ou pelo menos, sendo consultado pelo seu sucessor. Naquela hora deu certo. Barrou Humberto, deu um chega para lá em Maurício Rands e elegeu “um poste” como mais tarde ele mesmo diria.

Só cometeu um erro grave: deixou o comando do Diretório Municipal do Recife nas mãos do “poste”, ou melhor, do novo prefeito. E fez isso mesmo sabendo que Humberto Costa, com exceção do Recife, mandava no partido no Estado inteiro. Ganhou, mas não levou.

Hoje, fora do comando da legenda, ele sabe que deveria ter tomando cuidados burocráticos. E ouvido Lula e Dilma. Agora, entende que se fizesse Humberto Costa prefeito, além da gratidão ele estaria sentado na principal cadeira do maior prédio do Cais do Apolo. Preso para as futuras disputas.

E feitas as contas, só teria ganhado. Primeiro com Lula e Dilma pelo “gesto” partidário. Depois, com Eduardo Campos que precisava antecipar o pagamento de sua dívida com Costa pelo seu gesto em 2007. E ainda estaria livre para ser candidato ao Senado com apoio de todos os caciques do PT e de Eduardo Campos. E o mais importante: com o comando do partido municipal. E tinha tempo para quando Humberto saísse, poder voltar. Enfim, teria virado dono de seu destino.

Mas, não é essa a sua situação hoje. Sem o diretório municipal, a vaga de candidato está nas mãos de João da Costa que, sentado na cadeira, tem todo o direito de pretender se reeleger.

Também não tem nenhuma razão de ter apoio de Humberto Costa já que ele, sozinho, foi quem lhe fechou a porta da candidatura à Prefeitura. Se tiver de apoiar alguém no próximo ano, Humberto Costa vai prestigiar é João da Costa e não João Paulo. Afinal, João da Costa hoje é adversário de João Paulo.

Também não poderia se socorrer dos outros caciques pernambucanos. O que ganhariam com João Paulo prefeito, Armando Neto, do PTB, que só pensa em 2014? João Lyra, do PDT, que também só pensa em virar governador de Pernambuco e disputar mais quatro anos? E Eduardo Campos, do PSB, que mesmo brigado com Milton Coelho quer manter a parceria com João da Costa?

Poderia pensar no amigo Jarbas. Mas, se o senador não quiser ele mesmo ser candidato, vai colocar no pleito seu fiel escudeiro Raul Henry. Bom, poderia pensar em se abraçar ao DEM ou ao PSD, o novo partido de Gilberto Kassab. Mas, rasgaria sua biografia e correria o risco de sair desmoralizado?

Tem mais: todas essas contas passam pela direção nacional que vai analisar o quadro de 2012 pensando no jogo de 2014. Assim, só resta a João Paulo esperar. A montanha de votos que as pesquisas lhe atribuem não é aceita como moeda no caixa dos partidos.

Resta saber se o inquieto João Paulo terá coragem de pagar para ver e se aventurar numa saída do PT. E mais ainda sabendo que, como no filme dos irmãos Andrew Paul e Laurence Wachowski, a vida fora da “Matrix” do PT é muito difícil. Até porque, não tem os poderes do “Senhor Anderson” para enfrentar a leva de “agentes Smith” que hoje querem simplesmente lhe deletar.
Por Fernando Castilho, do JC Negócios.

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