CARACAS - A taxa de homicídios registrada na Venezuela nos últimos anos supera a do Iraque, país que sofre com a violência sectária e o terrorismo, informa nesta segunda-feira, 23, o jornal americano New York Times, citando um relatório recente sobre a criminalidade na nação sul-americana.
Segundo o jornal, em 2009, 4.644 civis iraquianos morreram em casos de violência, enquanto na Venezuela, esse número é superior a 16 mil. Os países têm praticamente a mesma população - cerca de 28 milhões de habitantes.
Um relatório sobre homicídios no país foi publicado pelo jornal El Nacional em meio à polêmica de uma medida preventiva, ditada na última terça-feira, que proibia a publicação de "fotos, informações e anúncios" sobre violência na imprensa. A foto mostrava cadáveres empilhados em um necrotério de Caracas, denunciando a precária situação da segurança pública na capital venezuelana.
Desde que o presidente Hugo Chávez assumiu o poder, em 1999, foram registrados 118.541 homicídios na Venezuela, segundo o Observatório da Violência do país, órgão que reúne dados de mortes com base nos documentos policiais. O governo não divulga mais dados como esse, mas não rebateu a contagem do grupo.
De 2007 até hoje, houve 43.792 homicídios. No México, onde o principal problema é a violência por conta do narcotráfico, esse número é de cerca de 28 mil. Em toda a Venezuela, a taxa é de 75 homicídios por cada 100 mil habitantes. Em Caracas, a situação é ainda pior - são 200 mortes violentas a cada 100 mil habitantes, informa Roberto Briceño-León, sociólogo da Universidade Central da Venezuela e diretor do Observatório.
Segundo especialistas, o número de homicídios é três vezes maior que quando Chávez assumiu. Eles dizem que o ruim desempenho econômico do país, o que mantêm a desigualdade social - é uma das causas para esse aumento sem precedentes na história venezuelana.
Eles, porém, não descartam a política de Chávez como um fator que contribui com o aumento da criminalidade. Segundo os analistas, o governo não mantém uma política sólida de combate à violência e o sistema judiciário constitui um problema, já que mais de 90% dos casos acaba sem prisões e sem serem resolvidos.
O governo, porém, alega estar tentando resolver o problema. Recentemente, foi criada a Guarda Nacional Bolivariana e uma Universidade de Segurança, ainda em estado experimental, onde oficiais são treinados por autoridades de Cuba e da Nicarágua, que mantêm as menores taxas de homicídio da América Latina.
Fonte:AE
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