Em um filme de ficção científica, é bem simples: o herói perde o braço no duelo de armas-laser e recebe, no ato, a peça de reposição. Ela não só tem a aparência exata do original humano, como funciona pelo menos tão bem quanto o mesmo.
Na realidade, acoplar diretamente peças eletrônicas ao sistema nervoso humano é um empreendimento dificílimo. Mas que começa a funcionar, abrindo perspectivas totalmente inéditas, afirma o professor Klaus-Peter Hoffmann, do Instituto Fraunhofer de Tecnologia Biomédica em Sankt Ingbert, no estado alemão do Sarre. "A nova abordagem é que prótese deve ser capaz de ser manipulada intuitivamente", aponta o cientista.
Até o momento, um paciente com o braço amputado precisa aprender e treinar penosamente a movimentação de sua prótese. A tensão e distensão consciente de um músculo remanescente funcionam como uma espécie de interruptor. A prótese traduz, então, os ínfimos impulsos elétricos resultantes em um determinado comando: segurar, girar ou abrir a mão, por exemplo.
Movimento e tato
Mas, com o novo controle intuitivo, tudo ficará muito mais simples, anuncia Hoffmann. "O paciente só precisa iniciar um movimento, desses que fazemos sem pensar, e a prótese realiza esse movimento." Porém o diretor do departamento de técnica médica e de neuroprotética valoriza também um segundo aspecto, até então muito negligenciado nas próteses: o sensorial, a recuperação do sentido do tato.
"Dispomos de 17 mil sensores na mão, que medem temperatura, força e similares; sem olhar, sabemos qual é a disposição dos dedos no espaço. Essas são informações de que o paciente também precisa, é claro", explica Klaus-Peter Hoffmann.
A meta de longa prazo seria um feedback, o mais diferenciado possível, da prótese para o cérebro, diz Hoffman. Para o futuro mais próximo, ele já estaria satisfeito de poder instalar uma centena de sensores em sua prótese, cujos sinais seriam transmitidos ao sistema nervoso.
Questões de biocompatibilidade
A contribuição especial do cientista para o campo da prótese biônica são micro-eletrodos ultradelgados, capazes de se conectar com as fibras nervosas, criando, por assim dizer, uma interface entre ser humano e máquina.
Os elétrodos se compõem do polímero poliimida e platina. Como se trata de uma tecnologia ainda muito nova, não se sabe de que modo o corpo reagirá a longo prazo a uma implantação dessas. Klaus-Peter Hoffmann vê aqui uma demanda de pesquisa.
"As questões de biocompatibilidade são muito importantes, pois um sistema tecnológico como esse não participa do metabolismo, não cresce, e isso gera vários problemas que dificultam o avanço, a partir daqui." Além disso, a neuroprotética ainda é um campo novo, e os processos de licenciamento para sua prática clínica ainda são extremamente demorados.
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