Muitos antes de as chuvas torrenciais varrerem casas e carros, e deixarem milhões de paulistanos irritados, um estudo feito por um instituto de pesquisa e opinião pública já apontava: o clima vai decidir a eleição.
Dois em cada três brasileiros vão ir às urnas pensando em algo mais do que emprego, bolsa família ou impostos; as mudanças climáticas também estão entre as preocupações.
Os furações extratropicais no Sul do país, os alagamentos e chuvas torrenciais em Belo Horizonte e São Paulo, o radicalismo da seca no Nordeste e as temperaturas cada vez mais extremas em todo o país estão forçando este novo tema na cabeça do votante brasileiro.
A pesquisa sobre temas que influenciarão o voto destaca que 66% dos brasileiros vão levar em consideração como os candidatos se posicionam diante desta questão, que hoje adquire um tom tão dramático quanto a fome ou a recessão, e tão cotidiano quanto o desemprego ou a inflação.
Pergunta: Mudanças climáticas serão um dos mais importantes assuntos que influenciarão meu voto nas próximas eleições (2010).
Respostas (em porcentagem)
Concorda totalmente: 38,2
Concorda em parte: 27,6
Soma dos Concorda: 65,8
Discorda em parte: 14,7
Discorda totalmente: 15,4
Soma dos Discorda:30,1
Não concorda nem discorda: 1,9
NS/NR: 2,1
Total 100
Quem diz que vai levar mais em conta a questão ambiental na hora de escolher candidato?
Os eleitores entre 18 e 24 anos põem a questão das mudanças climáticas no topo das prioridades avaliadas nos candidatos. 73% dos que estão nesta faixa etária preocupam-se mais com temas socioambientais do que com aqueles tradicionais vinculados a emprego, salário e educação. O grupo etário que menos se preocupa com o assunto está entre os mais velhos. Para 52% das pessoas entre 55 e 69 anos, mudanças climáticas não estão entre suas prioridades. Portanto, há um novo fosso geracional importantíssimo sobre um tema que vai influenciar cada vez mais a vida de todos nós, daqui para a frente.
Em todas as faixas de idade, as mulheres são um pouco mais preocupadas com o tema que os homens ( 68% a 64%).
Surpreendemente, não é a elite econômica a mais sensibilizada pelas conseqüências do aquecimento global. As classes, média e média baixa são as mais preocupadas com a questão. Em termos regionais, são as cidades do Nordeste (Recife: 86% e Salvador: 75%) e Goiânia (73%) as que aderem mais a uma plataforma sobre mudanças climáticas. Os eleitores de Brasília são os que dão menor peso à questão (só 50% deles vs. a média nacional de 66%).
Que estas informações animem os políticos a prestar mais atenção ao tema e apresentar propostas consistentes aos eleitores, já neste processo eleitoral.
Fonte: pesquisa Barômetro Ambiental da Market Analysis, realizado com 835 adultos com 18 ou mais anos residentes nas nove maiores capitais do país (São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Recife, Salvador, Porto Alegre, Curitiba, Goiânia e Brasília). Entrevistas realizadas por telefone durante o mês de Julho de 2009. Margem de erro = +/- 3.4%.
Ricardo Young é empresário, graduado em Administração de Empresas pela FGV, presidente do Conselho Deliberativo do Yázigi Internexus; foi presidente da Associação Brasileira de Franquias (ABF). Foi presidente do Instituto Ethos; conselheiro das organizações Global Reporting Initiative (GRI) em Amsterdam, Holanda, Accountability, em Londres (Inglaterra) e Grupo de Zurich (Suiça).
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