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terça-feira, 31 de agosto de 2010

Há 20 anos, era assinado o Tratado de Reunificação da Alemanha

Na assinatura do Tratado de Reunificação, em 31 de agosto de 1990 em Berlim, o então ministro alemão do Interior, Wolfgang Schäuble, e Günther Krause, o representante alemão-oriental, deixaram transparecer o quanto haviam sido difíceis as negociações para a reunificação do país.

Após meses de trabalho, estava pronto o mais importante documento da Alemanha pós-guerra. O Tratado de Reunificação estabeleceu de que modo os dois Estados alemães passariam a existir como um só país a partir de 3 de outubro de 1990.

Questão das terras desapropriadas

O principal problema foi a reforma agrária imposta na Alemanha Oriental pelo governo de ocupação soviético no final dos anos 1940. Na época, foram desapropriados, sem direito a indenização, todos os "latifundiários" com mais de 100 hectares de terras considerados criminosos de guerra ou que tivessem sido membros ativos do partido nazista NSDAP. Os desapropriados foram levados a campos de prisioneiros e seus bens distribuídos entre novos pequenos agricultores.

De forma semelhante, o governo alemão-oriental tratou as pessoas que haviam fugido para a Alemanha Ocidental. O que haviam deixado para trás, foi confiscado pelo governo e redistribuído entre a população alemã-oriental.
Após a queda do Muro de Berlim, em novembro de 1989, muitos alemães-ocidentais foram à Alemanha Oriental reivindicar seus bens de volta. Temeu-se, na época, um caos generalizado na República Democrática Alemã (RDA), caso fosse invalidada a reforma agrária imposta pelos soviéticos.

Ambas as delegações que negociaram a reunificação resolveram deixar intocadas tanto a reforma agrária como as expropriações, preferindo pagar uma indenização aos antigos proprietários. É possível que se tenha ido ao encontro da então União Soviética, que supostamente teria condicionado a manutenção da reforma agrária ao consentimento de Moscou à reunificação alemã.

Volta dos estados alemães-orientais

A transposição das leis e dos contratos de cada um dos dois Estados alemães à legislação da Alemanha reunificada observou o caráter federativo da Alemanha Ocidental. Muitas disposições do Tratado de Unificação atingiram os direitos dos estados federados alemães-ocidentais, por isso, os governadores analisaram minuciosamente o texto do documento.

"Atentamos no Bundesrat [câmara alta do Parlamento alemão], por uma implementação consequente da estrutura constitucional federal mesmo após a reunificação", disse o então governador de Schleswig-Holstein, Bjorn Engholm, em entrevista à Deutsche Welle.

Como a estrutura constitucional federal só poderia ser mantida se houvesse estados federados também no Leste alemão, decidiu-se reativar os estados dissolvidos na Alemanha Oriental em 1952: Saxônia, Saxônia-Anhalt, Brandemburgo, Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental e Turíngia.

Faltou consenso sobre aborto

Em praticamente todas as questões foi atingido consenso, menos sobre que lei relativa ao aborto seria mantida: se a alemã-oriental, mais liberal, ou a alemã-ocidental, mais rígida. A questão acabou sendo adiada por três anos.
À Alemanha reunificada acabou sobrando pouco das "conquistas socialistas" do "primeiro Estado de agricultores e operários em solo alemão", nem mesmo no tocante ao avançado sistema alemão-oriental de creches e policlínicas.

Para Björn Engholm, isso foi um erro: "Não tivemos acesso à mentalidade dos alemães-orientais. Acho que não levamos realmente a sério suas necessidades, seus desejos, suas esperanças, suas preocupações e necessidades. Simplesmente impusemos lá nossas ideias, sem levar em consideração as peculiaridades do Leste alemão".

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