A China é hoje o maior emissor de CO2 no mundo. A necessidade energética de 1,4 bilhão de pessoas, em constante crescimento, é saciada sobretudo com combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo. Ao mesmo tempo, a China investe intensamente nas energias renováveis – no ano de 2010, foram 49 bilhões de dólares destinados ao setor.
A China é a número um do mundo em termos de investimentos em energia eólica e nenhum outro país aplica tantos recursos nas energias renováveis. O propósito por trás disso não é apenas a vontade de aplainar os efeitos das mudanças climáticas, mas acima de tudo interesses econômicos e vantagens sobre a concorrência, acredita Dirk Messner, diretor do Instituto Alemão de Política de Desenvolvimento e vice-presidente do conselho científico do governo federal para questões ambientais.
A Alemanha também conduz, através de um ambicioso programa, uma mudança em termos de política energética. Enquanto a China vê a energia nuclear como solução transitória, com várias usinas em planejamento, o governo alemão, depois de Fukushima, optou por abandonar paulatinamente a energia atômica.
Hoje, um quinto da eletricidade produzida na Alemanha provém de energias renováveis. "Mas ainda há possibilidades de expansão", diz Messner. Ele pleiteia, até 2050, um planeta no qual até 85% do abastecimento mundial provenham apenas de combustíveis não fósseis. "A energia nuclear não poderá fazer parte deste quadro, em função dos riscos. Temos que ter energia eólica, solar e geotérmica", acentua o especialista.
"Possível produzir mais"

Mas não são só as mudanças climáticas que impulsionam a transformação rumo a uma economia verde. Quanto mais complexos os procedimentos para extrair petróleo e carvão, tanto mais caros eles ficam. Ao mesmo tempo, há um número cada vez maior de pessoas tendo que ser abastecidas com cada vez mais energia. A população mundial cresce e o número de consumidores de energia também. Resultado: os combustíveis fósseis, responsáveis pelo aquecimento da Terra, estão ficando mais raros, mais caros e menos confiáveis.
As mudanças climáticas vão também causar tumultos políticos e sociais, prevê Neil Morisetti, contra-almirante da Royal Navy e encarregado de clima e segurança energética do governo britânico. Ou seja, as mudanças climáticas não surtem somente efeitos no meio ambiente e na evolução do planeta, mas também sobre a estabilidade global e interesses nacionais. Moretti chama as mudanças climáticas de "fatores adicionais de estresse" em determinadas regiões do mundo, "nas quais, hoje, se luta contra problemas de saúde, nutrição e abastecimento de água, além de desafios demográficos".
A meta: uma economia cíclica

Ele defende uma maior eficiência e menos resíduos como princípio econômico. "Os chineses chamam esses princípio de economia circular e o Japão já usa o princípio 'produzir, reciclar, reutilizar' há muito tempo. Essas formas de pensamento não são novas; nós só precisamos torná-las economicamente atraentes", explica Steiner.
Através de seu programa de reciclagem de embalagens, o governo alemão já demonstrou que a reciclagem pode ser atraente do ponto de vista financeiro. O setor econômico alemão economiza 3,5 bilhões de euros por ano com o reaproveitamento de materiais, poupando, assim, o meio ambiente e o clima. Este também é um estímulo em prol da virada rumo a uma economia global verde. Pois a mudança em relação à energia e à matéria-prima não vai ocorrer por causa do idealismo ou da convicção de alguns, mas sim em função das necessidades e das obrigações econômicas.
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