CAIRO - Dois bonecos enforcados, com uma estrela de Davi pintada na gravata e muitos dólares saindo dos bolsos, representam o presidente egípcio Hosni Mubarak e podem ser vistos pendurados nos sinais de trânsito da praça Tahrir e dão o tom da "Marcha do Milhão" que a população egípcia realiza nesta terça-feira contra o regime no poder.
Perto da ponte sobre o Nilo, Qasr An Nil, uma maré humana aflui sem parar desde as primeiras horas do dia, respondendo ao chamado dos opositores para que um milhão de pessoas se reúnam em Tahrir e apliquem um golpe decisivo ao poder de Mubarak, que dirige o país há 30 anos com mão de ferro. O ambiente é mais tenso do que nos dias anteriores, apesar da presença de várias famílias.
Na praça, todos os egípcios parecem reunidos, sejam laicos, muçulmanos ou cristãos. "Jesus nos dará uma vida melhor. Vai embora, Hosni, para que nós desfrutemos dela", afirma o cartaz de Nader e Ihab, dois jovens coptos. "Há 10 anos existe uma perseguição contra os cristãos e a única coisa que Mubarak fez foi tentar escondê-la", denunciam.
Antes de entrar na praça, os manifestantes tiveram de se submeter a controles de identidade por parte dos militares que vigiam os acessos a Tahrir. As Forças Armadas continuam com uma boa imagem entre os manifestantes.
Quando um ônibus cheio de soldados tenta abrir passagem a buzinadas, a multidão ao invés de reclamar, grita e aplaude: "O povo e o Exército são o mesmo braço".
Fonte:JB digital
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