A Igreja Católica ocupa, como instituição no Brasil, ocupa o segundo lugar em credibilidade, abaixo apenas das Forças Armadas, conforme pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), mas não anula a tensão interna. O episcopado fica entusiasmado, embora alguns teólogos e assessores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) atribuam essa boa imagem não a seu desempenho, mas ao descrédito de concorrentes, especialmente da classe política, escreve o repórter José Maria Mayrink, em O Estado de S. Paulo. "Em questões políticas pode haver divergências, mas mesmo assim a Igreja tem voz ativa, como ocorreu no caso da aprovação da Lei da Ficha Limpa", observa o professor Felipe de Aquino, membro do movimento carismático Associação Canção Nova.
O dominicano Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto, atribui a uma disputa interna no episcopado a polêmica criada em cima da discussão sobre o aborto. "Acredito que todo esse conflito à sombra do processo eleitoral tinha como alvo não evitar a eleição da Dilma, mas assegurar aos conservadores a vitória da eleição na CNBB", afirmou o teólogo e ex-assessor do presidente Lula no programa Fome Zero.
PEDOFILIA – Na reportagem do Estadão, afirma-se que as denúncias de pedofilia no clero repercutiram relativamente pouco no Brasil, porque os casos ocorridos aqui foram poucos, em comparação com outros países. "Se a Igreja já vinha sofrendo uma crise de credibilidade, a pedofilia aprofundou essa crise e não adianta dizer que a pedofilia está presente na família e no mundo civil, porque o padre foi trabalhado, desde o século 16, como um alter Christus ("outro Cristo"), uma figura tão exaltada que é impossível deixar de haver consequências", disse o padre o padre Manoel Godoy, diretor do Instituto de Teologia Santo Tomás de Aquino, em Belo Horizonte.
Por outro lado, o texto mostra que a Igreja Católica prega uma coisa e os católicos fazem outra, sobretudo na área moral, quando entra em jogo a sexualidade. Não é só o aborto, mas também questões como controle de natalidade, sexo antes do casamento, segunda união de descasados e inseminação artificial. A doutrina continua inalterada nas normas de documentos oficiais, mas no foro íntimo a situação muda.
D. Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito de Blumenau, considera que todos - bispos, padres, freiras e leigos - têm de ser discípulos e missionários de Jesus Cristo, adaptando os documentos e a orientação do Concílio Vaticano II à nova realidade. A Igreja tem de se renovar, diz o bispo, para enfrentar os desafios atuais, que são o consumismo, o relativismo, as drogas e o sexo, especialmente para os jovens, por causa da falta de horizonte. D. Angélico defende a ordenação de homens casados, para atender as comunidades abandonadas. O Brasil tem 20.561 padres para cerca de 130 milhões de católicos. “É pouco para as 10.218 paróquias de 273 dioceses do País”
No Brasil, do total de 459 bispos, 273 (59%) foram nomeados pelo papa polonês João Paulo II e 102 (22%), pelo seu sucessor alemão, Bento XVI.
José Aparecido Miguel é colunista do Jornal do Brasil digital
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