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sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Pesquisa revela: 60% dos brasileiros adultos são gordos ou obesos

Excesso de peso e obesidade juntos atingem cerca de 60% dos brasileiros adultos. O problema vem crescendo gradualmente nas últimas três décadas e está presente em todas as regiões do país.

Até as crianças têm brigado com a balança. Mais da metade (51,4%) dos meninos e 43,8% das meninas com idade entre 5 e 9 anos estão acima do peso ideal. Isso é o que revela uma pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgada hoje (27) sobre condições nutricionais.

O estudo, chamado de Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), foi realizado com 188.461 pessoas, entre maio de 2008 e maio de 2009.

Gatilho de doenças

O controle do peso tem ganhado cada vez mais destaque nacional e internacional por estar relacionado a doenças graves e fatais. Nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de 25% da população está obesa.

Quem está acima do peso, principalmente os obesos, tem mais chances de sofrer infartos e derrames cerebrais. Mesmo antes destes episódios, o excesso de peso já pode causar diabetes e outras doenças metabólicas.

Estágios do problema

O excesso de peso tem diferentes níveis, separados por uma escala que é associada ao risco de doenças cardiovasculares. No primeiro estágio, chamado de sobrepeso, estão as pessoas com índice de massa corporal (IMC) entre 25 e 29,9 kg/m2. Esse índice é calculado pelo peso (kg) dividido pela altura (m) ao quadrado. A partir de 30 kg/m2, a pessoa se torna obesa.

Desde 1974, a população obesa masculina saltou de 2,8% para 12,4%. Nas mulheres, o índice chega a 16,9%, sendo ambos para brasileiros com idade a partir de 20 anos. No sobrepeso, os números são bem maiores e atingem metade dos homens.

“Estamos vendo esse problema aumentar há 35 anos”, afirma André Martins, analista do IBGE.

O índice era de 18,5% em 1974, passou para 29,9% em 1989, continuou subindo e atingiu 41,4% em 2002, até chegar aos 50,1% de hoje. “O problema está identificado. Agora é preciso estabelecer medidas de combate”, avalia Martins.

Crianças obesas

A obesidade já atinge 16,6% dos meninos e 11,8% das meninas com idade entre 5 e 9 anos. O índice aumentou 6,5 vezes desde 1974.

“Quanto mais intensa for a obesidade e quanto mais tempo a criança permanecer obesa, maior será a chance dela continuar com o problema”, afirma Mauro Fisberg, especialista em nutrição infantil, e professor da Unifesp.

E com o excesso de peso estão também todas as complicações presentes em adultos obesos – além de outras típicas da infância. “Esse é o problema nutricional mais importante do mundo”, acrescenta o médico.

A obesidade infantil pode comprometer o crescimento da criança. “Ela está sujeita a problemas na coluna, nos joelhos e pode ter pé chato”, enumera o médico. Além das complicações ortopédicas, o lado emocional das crianças também pode ser comprometido.

“Há risco de depressão, de baixa confiança e de bullying”, aponta. E isso justamente no momento em que a personalidade da criança está sendo formada, o que pode gerar um comprometimento profundo e duradouro.

Para piorar ainda mais, o tratamento de crianças acima do peso é bastante delicado. Isso porque o uso de medicamentos deve ser feito com cuidado para não comprometer o crescimento. “Não uso emagrecedores, apenas remédios para controlar colesterol ou triglicérides altos”, afirma Fisberg.

Há casos em que a criança tem excesso de gordura no fígado, o que pode levar à fibroses e até cirrose, na vida adulta. Em outros casos, a criança começa a desenvolver um quadro de resistência insulínica, uma espécie de pré-diabetes.

“É difícil lidar com um paciente assim tão jovem por causa da adesão ao tratamento. Ele não segue a dieta e não pratica exercícios como deveria”, ressalta o médico.

Pode piorar

A prevalência de excesso de peso é menor da adolescência do que na infância. Enquanto 21,7% dos jovens com idade entre 10 e 19 anos está acima do peso, as crianças entre 5 e 9 anos já alcançaram a marca de 34,8%.

Leia mais:

* Brasil tem 23% dos estudantes acima do peso, aponta IBGE
* Comer demais em pouco tempo aumenta gordura em longo prazo
* De olho na obesidade infantil, escolas lançam programas
* Obesidade pode estar associada à puberdade precoce

Mas esse índice mais positivo na adolescência pode mudar em poucos anos. “Como a crianças de hoje, com excesso de peso, vai se comportar quando for mais velha?”, questiona Martins. Ele diz que não é possível prever o que, de fato, irá acontecer. Mas alerta para a possibilidade de um avanço rápido e devastador da obesidade entre jovens.

Excesso de açúcares e de alimentos gordurosos, além de poucos exercícios, são apontados como as principais causas para a obesidade na infância. É o que afirma a nutricionista Elke Stedefeldt, diretora da Asbran (Associação Brasileira de Nutrição).

Para ela, boa parte deste problema poderia ser resolvida se os pais fossem mais pacientes com a educação alimentar dos filhos. “Não se deve desistir dos alimentos saudáveis na primeira recusa da criança”, diz ela. Todo alimento deve ser oferecido pelo menos oito vezes até ter certeza de que o paladar daquela criança não irá aceitá-lo.

“Dê o alimentos em momentos diferentes e de formas diferentes. Se a criança não gostou da cenoura crua, tente cozida ou picada junto a outros alimentos que ela já coma”, recomenda.

Às vezes, explica a nutricionista, a criança fez alguma associação negativa com o alimento na primeira vez que ele foi oferecido. “Pode ser que ela estivesse se sentido mal naquele momento, triste por algum motivo, e por isso recusou o alimento. Mas com um pouco de paciência e insistência é possível mudar a situação”, garante a especialista.

Sudeste é o pior

Os problemas nutricionais em crianças estão mais evidentes na região Sudeste, onde 37,9% das meninas estão com sobrepeso e 13,6% já são obesas. O melhor índice foi encontrado no Norte do país, que apresentou 24,7% de sobrepeso e 9,4% de obesidade.

Já entre os adultos, o excesso de peso atingiu quase metade da população em todas as regiões. Destaque para o Sul (56,8% dos homens, 51,6% das mulheres) e Sudeste (52,4 e 48,5% respectivamente).

Os menores índices de sobrepeso para homens estão no Nordeste (42,9%) e para mulheres no Centro-Oeste (45,6%). De um modo geral, excesso de peso e obesidade foram mais frequentes nos domicílios urbanos do que nos rurais.

A renda familiar também influencia a prevalência de excesso de peso e obesidade. Entre as famílias mais pobres, que compõem o primeiro quinto de rendimento, o excesso de peso atinge 36,9% dos homens e 45% das mulheres adultas. Já entre as famílias mais ricas, do último quinto, o excesso de peso acomete 61,8% dos homens e 47,4% das mulheres adultas. A divisão em quintos de rendimento consiste na separação da população em cinco faixas de rendimento, sendo o primeiro quinto a menor e o último quinto a maior.
Fonte:IBGE

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