A candidata refutou a tese de que não conseguiria governar por não ter alianças, dizendo que seus principais adversários, Dilma e Serra, estão "comprometidos" pelos acordos que fizeram
A candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, afirmou nesta terça-feira (10), em entrevista ao "Jornal Nacional", da Rede Globo, que é o único nome disponível na disputa que pode unir as duas atuais forças políticas do País, representadas pelo PT e PSDB, em um governo de consenso.
"Quem pode estabelecer um ponto de união entre essas forças que não conversam e que nos seus oito anos de oposição ou de situação se confrontaram (o PT e o PSDB), se chama Marina Silva", disse.
A candidata refutou a tese de que não conseguiria governar o País por não ter alianças políticas na campanha, dizendo que seus principais adversários, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), estão "comprometidos" pelas alianças que fizeram que farão "mais do mesmo" caso assumam a presidência.
"Para mim é até mais fácil (não estar comprometida com outros partidos). Olho para a ministra Dilma e para o governador Serra e eles já estão tão comprometidos que só podem repetir mais do mesmo que foi visto com o presidente FHC, que era refém do fisiologismo dos Democratas, e com Lula, que ficou refém do fisiologismo do PMDB", disse ela.
Marina Silva afirmou que seu eventual governo não será feito apenas com quadros de seu partido, o PV, mas sim com os "melhores quadros", independente de agremiação partidária.
"Se ganhar, quero governar com os melhores. É fundamental o diálogo entre o PT e o PSDB. Vou compor minha base de sustentação com essa idéia de que temos que acabar com a oposição pela oposição, situação pela situação. Todos temos que trabalhar a favor do Brasil."
Para validar sua tese, ela afirmou que, quando foi ministra do Meio Ambiente do governo Lula, conseguiu obter apoio multipartidário no Congresso para suas propostas.
"Quando precisei aprovar leis no Congresso, consegui aprovar meus projetos com apoio de todos os partidos. É isso que o Brasil precisa, de um olhar que coloque em primeiro lugar as necessidades dos brasileiros. O Brasil não pode perder tempo com essa briga (partidária), que não leva a lugar nenhum".
Mensalão
Perguntada se o "desconforto ético" provocado pelo escândalo do mensalão não foi forte o suficiente para fazer com que deixasse o PT, a candidata afirmou que "foi forte sim, mas eu sabia que estava combatendo (a corrupção) por dentro. E eu sabia que conseguiria ser vitoriosa".
Marina disse que não foi conivente com o caso e não ficou em silêncio. "Lamentavelmente, todas as vezes em que eu me pronunciava, não tinha ninguém para me dar audiência e potencializar a minha voz." "Eu sempre dizia que aquilo era condenável, que deveria ser investigado e que deveriam ser punidos todos os que praticaram irregularidades", completou.
Ela reforçou que deixou o PT porque "não encontrava o apoio necessário para as políticas do Meio Ambiente que façam esse encontro entre desenvolver e proteger as riquezas naturais".
Ao final da entrevista, Marina destacou aspectos de sua biografia: "Só num país como o Brasil, com a democracia que temos, é possível que uma pessoa que nasceu na floresta amazônica, que foi analfabeta até os 16 anos e que teve que passar por várias dificuldades de saúde pode chegar aqui na condição de se colocar como a primeira mulher de origem humilde a ser Presidente da República".
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