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domingo, 9 de maio de 2010

UMA CAUSA MORTA


O que fazer,

Maiakóviski

O que fazer?

Se eles comem ratos, arrotam felicidade, e nem se arriscam a levantar os olhos?

Nada é gritado nas ruas.

Não há revoluções, protestos, mudanças...

Nada!

Os jovens possuem cabelos do espaço e metal nos lábios e narizes.

Bitolados eles seguem, zumbizando pelos esgotos pútridos da cidade.

O que esperar dessa falange alienada?


Eu,

não tenho pernas

não tenho voz

não tenho alma.

-Vamos falar sobre o caos

que caos?

Tudo se faz neutro e vazio diante dos meus olhos.

Onde estão os companheiros de dor?

Fugiram sem mim para a batalha vã?

Esqueceram-me na correria!


Eu,

tenho olhos marejados

mãos escarlate

Pintadas com o sangue de meus companheiros fracos de memória


E agora, dizem que os tiranos voltam!

Que besteira.


Ouçam-me crianças loucas

Os tiranos não voltam pelas montanhas as nossas costas

Nem pelos mares,

Nem pelos ares, com seu aviões supersônicos.


Os tiranos não voltam, pois daqui nunca sairam.

Sempre fincados na terra

Envenenando nosso solo

Envenenando nosso recém nascidos

Matando-nos aos poucos

de raiva

de dor

Uma tristeza aterradora.


Eles vivem. eu vos digo.

Eles vivem.

E o meu sangue que circula por conta de um descuido infantil

Agora ferve,

mergulhado numa tormenta silencioisa chamada angustia.


Como encerrar um poema amargo,

Como encerrar uma vida infudada;

Sem ponto, nem virgula

Sem alegria, e sem lamurias?


Melhor seria por um balaço em tudo

e o poema se encerraria por si só

Lentamente banhado em sangue.


Autor do Poema
César Philippini
é poeta e estudante.
Vencedor do Prêmio
Literatura no Celular 2009,
da Fliporto.Participou do
livro Contos de Oficina

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