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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A China ainda reverencia Mao Tsé Tung

Opinião
Carlos Alberto Fernandes*
A China, neste início de século, é um país que incorpora uma das mais profundas transformações econômicas, mas mantém uma grave crise de identidade. Diante dos avanços que a colocam como a segunda economia do planeta, o Partido Comunista permanece comandando uma rígida ditadura, amparada pelo Exército de Libertação Popular, contando atualmente com cerca de 3,0 milhões de soldados.
Neste cenário, a imagem de Mao Tsé Tung - o criador da República Popular da China e da revolução cultural - continua questionada, mas permanece em alta com o povo. Tal como o Mausoléu de Lenin na Praça Vermelha em Moscou, o corpo de Mao continua exposto à visitação pública no centro da Praça da Paz Celestial, em Pequim.
O que se questiona nesses sessenta anos de revolução, é se a crescente abertura econômica não resultará em mudanças democráticas. O atual presidente e líder do Partido Comunista Hu Jintao, consolida as reformas iniciadas por Deng Xiaoping e continuadas por Jiang Zemin, mas enfrenta problemas com manifestações pela democracia, escândalos de corrupção e, poluição extrema.
No âmbito social, as diferenças são cada vez maiores entre os grandes centros urbanos de comércio e indústria e as áreas rurais, com quase oitocentos milhões de chineses, ainda mergulhados no atraso e na pobreza. Todavia, o crescimento econômico do dragão chinês que contamina Pequim com uma névoa permanente, parece torpedear qualquer obstáculo.
A consolidação do poder econômico e político chinês foi simbolicamente representada pela reintegração de Hong Kong e Macau, devolvidos, respectivamente, pela Grã-Bretanha em julho de 1997; e Portugal em dezembro de 1999. Estas negociações diplomáticas, certamente, compuseram o cenário do seu capitalismo de estado e mantiveram a presença da influência capitalista européia no sudeste asiático.
Segundo uma chinesa apelidada de Kelly, nestas cidades, Mao é ajoritariamente amaldiçoado. Hong Kong é uma metrópole que representa um dos maiores centros financeiros do país. Macau é o paraíso da jogatina, adensando seu moderno espaço urbano com os mais vistosos cassinos do Planeta.
O restabelecimento do poder político chinês sobre essas regiões tem por base a teoria de Deng Xiaoping: "Um só país, dois sistemas". Ou seja, uma só China, majoritariamente socialista.
Por outro lado, apesar de denúncias das organizações de defesa de direitos humanos, a estabilidade política do país é garantida com um forte aparato repressivo, acompanhado do monopartidarismo e de uma censura explícita, resquícios do velho stalinismo, ainda não resolvidos pelo socialismo.
Diante de todos os erros e acertos da revolução cultural chinesa, Mao continua, aos olhos do povo e por conveniência dos dirigentes comunistas, sendo reverenciado como o grande líder da libertação chinesa. Por isso, não é a toa que a sua imagem e seu corpo são onipresentes na beleza atemporal da Praça da Paz Celestial, este emblemático espaço de grande representatividade do poder político e militar chinês.
*Economista e professor da UFRPE e, participou da missão pernambucana Brasil-China

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