Opinião
Negro, homossexual, obeso, fumante e evangélico. As características pessoais das ditas minorias não transformam essas pessoas somente em vítimas do preconceito no dia a dia, mas no mercado de trabalho também. Como “Narciso acha feio o que não é espelho”, as empresas torcem o nariz para muita gente qualificada por causa de cor da pele, opção sexual e desconformidade com a balança. O estigma não é relevado, corre pelos cantos, à boca miúda. Nenhuma empresa admite que não vai contratar fulano porque ele é gordo ou beltrano por ser um fiel seguidor da Assembleia de Deus. Mas quem é da área de recrutamento de mão de obra sabe que o preconceito existe, perdura e atrapalha a vida profissional de muita gente.
“As empresas não deixam isso claro, mas não contratam gente que foge do padrão de normalidade instituído por elas. É algo velado, mas bem claro ao mesmo tempo”, explica o sócio da Cedepe Business School, Augusto Costa. Ele diz que as pessoas “diferentes” podem até passar na análise do currículo, mas ficam de fora na hora da entrevista.
Um caso interessante é o dos fumantes. Muito antes do radicalismo no combate ao cigarro, o ato de fumar era até bem visto. O vício denotava charme, ousadia, quebra de paradigmas. Hoje o fumante é visto como um incômodo. Uma característica que destoa da produtividade. Perde-se muito tempo com o ato, dizem os mais xiitas. “O funcionário se ausenta para fumar e interfere num ambiente saudável de trabalho, acreditam as empresas. O hábito não é mais admitido. A não ser que o chefe também fume”, completa Costa. “Um fumante dificilmente vai ser contratado para vender produtos médicos, trabalhar no setor de cosméticos ou ligado à estética”, confirma a diretora da Agregar RH, Sumaya Ferreira.
Viviane Barros Lima, do Jornal do Commercio
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