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domingo, 4 de setembro de 2011

Documentos mostram cooperação de CIA e MI-6 com regime de Kadafi

A cooperação entre os serviços de inteligência dos Estados Unidos e do Reino Unido com o regime de Muammar Kadafi era mais intensa do que se sabia. Suspeitos de terrorismo foram enviados para prisões de tortura na Líbia.

Documentos encontrados no prédio do serviço secreto em Trípoli sugerem uma estreita cooperação entre a CIA e o regime de Muammar Kadafi, especialmente depois dos ataques de 11 de setembro, publicou o jornal New York Times neste sábado (03/09). Por oito vezes, a CIA teria enviado suspeitos de terrorismo para serem interrogados na Líbia, cujo serviço secreto é conhecido pela prática de tortura, inclusive com sugestões para o interrogatório. Num dos documentos encontrados constava uma lista com 89 perguntas.

Os contatos entre Washington e o regime na Líbia são mais intensos do que se sabia desde 2004, quando Kadafi anunciou sua renúncia às armas de destruição em massa e com isso lançou as bases da aproximação com o Ocidente. Alguns dos documentos evidenciam inclusive que os americanos teriam formulado o texto do discurso de Kadafi sobre a renúncia.

Os papéis foram descobertos pela organização de direitos humanos Human Rights Watch depois da tomada de Trípoli pelos rebeldes, na semana passada. Para Peter Bouckaert, que encontrou os documentos, os laços entre Washington e Kadafi são "um período muito negro na história da inteligência norte-americana. E o fato de eles terem cooperado com esses serviços secretos tão abusivos continuará como uma mancha na história da inteligência americana".

Nenhuma surpresa
Em Washington, a porta-voz da CIA, Jennifer Youngblood, recusou-se neste sábado a comentar qualquer alegação específica relatada nos documentos, mas disse que "não pode ser uma surpresa que a Agência Central de Inteligência trabalhe com outros governos para proteger nosso país do terrorismo e de outras ameaças fatais. Isso é exatamente o que esperam de nós".

Um caso emblemático é o de Abdel Hakim Belhaj, comandante da tropa anti-Kadafi que atualmente controla Trípoli. Belhaj é o ex-líder do Grupo de Luta pela Líbia Islâmica, grupo militante, já dissolvido, que mantinha ligações com a Al Qaeda. Belhaj disse ter sido torturado por agentes da CIA em uma prisão secreta, e depois retornou à Líbia. Dois documentos de março de 2004 parecem ser correspondências entre ammericanos e oficiais líbios para tratar da rendição de Belhaj.

Cooperação com o MI-6
O material encontrado pelo Human Rights Watch também mostra uma estreita cooperação entre o antigo serviço secreto líbio e seus colegas britânicos. Londres teria encaminhado detalhes sobre dissidentes de Kadafi no exílio ao serviço de inteligência na Líbia. Londres e Trípoli teriam inclusive trocado presentes regularmente.

O ex-chefe do serviço secreto líbio, Mussa Kussa, havia se estabelecido no Reino Unido em março. E embora fosse acusado de violações de direitos humanos, ele pôde voar para o Qatar no mês seguinte.

CNT já cercou cidades pró-Kadafi
Os documentos vieram a público no momento que os insurgente líbios anunciam o cerco das cidades pró-Kadafi até o dia 10 de setembro, prazo final para a rendição de todos os apoiadores do regime.

"Nós estamos em uma posição de força, podemos invadir qualquer cidade e derrotar qualquer um dos nossos oponentes. Mas o nosso desejo é evitar mais derramamento de sangue e destruição de propriedades. Por isso demos um ultimato de uma semana às cidades de Sirte, Bani, Walid, Jufra e Sabha. É uma oportunidade para essas cidades aderirem à revolução pacificamente", disse o presidente do Conselho Nacional de Transição, Mustafa Abdul Jalil.
Fonte:DW

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