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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Principal desafio de Dilma: não queimar o filme das mulheres

OPINIÃO
Em seus primeiros pronunciamentos como nova presidente, Dilma Roussef fez questão de permear suas palavras de adjetivos e substantivos femininos. Começou por se referir primeiro às “queridas brasileiras” para só então falar aos “queridos brasileiros” e, à medida em que muito prometia, citava “coração, “ carinho”, “generosidade”, “amor” e “tolerância”. Deixou de lado a Dilma “excessivamente durona” que marcou sua trajetória como ministra. De tal forma se esmerou no feminino que, quando se esperava que tomasse posse envergando seus inseparáveis terninhos, apareceu de saia e com cores sóbrias, o branco e o bege.
Pode ter sido puro produto do marketing que o PT sabe bem produzir, inspirado pelos marqueteiros baianos. Pode ter sido uma idéia do seu ghostwriter que, certamente, não agiu sozinho e nem deveria pois um discurso de posse de presidente precisa ser muito bem elaborado para evitar gafes e problemas diplomáticos.
De qualquer forma, os discursos no ato de posse e na transmissão do cargo, tiveram o objetivo de passar a idéia de que uma mulher na presidência vai agir diferente dos homens que a precederam. Pela forma como sempre se portou no serviço público, Dilma tem uma imagem diametralmente oposta ao que mostrou nesses primeiros momentos. Quem sabe, verdadeiramente, mudou. Ou se não mudou logo saberemos.
Mas, deixando de lado os simples eufemismos dos bem escritos discursos da presidenta Dilma, para “honrar as mulheres na presidência”, como ela citou, será necessário ir bem mais além do que isso.
Entre outras coisas, combater a corrupção, marca indelével do governo do presidente Lula e que, apesar dos altos índices de popularidade do ex-presidente, será encarada como uma “mácula” em sua administração, quando couber aos historiadores e não às massas excessivamente manobradas pelo discurso lulista, a análise desapaixonada dos últimos oito anos.
Embora não se possa dizer que as mulheres são imunes à corrupção – está aí Erenice Guerra que não nos deixa mentir – é inegável que elas se preocupam muito mais com a ética na política do que os homens, talvez mais próximos de tais desvios, ou por serem mais numerosos na atividade, ou porque no correr do tempo foram contemporizando com os malfeitos e não tiveram mais força para combatê-los. Quando as mulheres forem tão numerosas quanto eles na política é que vamos tirar os noves fora mas hoje espera-se das mulheres que dêm o bom exemplo.
De qualquer forma, se Dilma não for exemplar nessa questão, vai cair no conceito de todos mas, sobretudo, das mulheres, que, tendo ou não votado nela, estão hoje representadas por uma figura feminina no Palácio do Planalto.
Também não se poderá entender uma mulher presidente que não tenha a educação como prioridade. Que não lutar por uma revolução neste campo. Não é à-toa que a quase totalidade dos professores, principalmente no ensino fundamental, é constituída de mulheres. Aí Dilma vai precisar fugir do caráter fisiológico das políticas compensatórias do presidente Lula e ter coragem de assumir o compromisso de não trabalhar pela perpetuação da miséria representada pelo Bolsa Família. Precisará garantir aos que hoje recebem essa esmola governamental – necessária, mas esmola – uma educação de qualidade e a oportunidade de viver dignamente e livremente, trabalhando e garantindo seu próprio sustento. Para quem citou muito o fato de ser mãe não se pode imaginar que não deseje o melhor para os seus filhos, como as mães o fazem normalmente.
Muitas coisas ainda poderiam ser citadas como necessárias nesse campo, sem contar com as outras missões de conduzir bem a economia, de garantir o desenvolvimento,a liberdade de imprensa e de opinião, e fazer um Up Grade na infra- estrutura,entre outros, mas essas duas já servirão, se a nova presidenta as considerar seriamente, para que o povo brasileiro não venha a se arrepender de ter colocado uma mulher no mais alto cargo do país.
Sim, porque Dilma, além de todos os desafios, inclusive o de se revelar muito competente, tem a grande responsabilidade de não “queimar o filme “ das mulheres brasileiras. Depois dela, ou as mulheres vão ga nhar de vez o direito de competir e vencer a luta pelas mesmas oportunidades que hoje têm os homens, ou vão demorar muito a conseguir voltar a envergar a faixa presidencial.
Terezinha Nunes é ex-deputada, e colunista Blog do Jamildo 

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