Pesquisar este blog

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

A gangue das bombas

Uma onda sem precedentes de arrombamentos a caixas eletrônicos, iniciada no ano passado, ganhou as manchetes da imprensa com frequência nos últimos meses e pôs Pernambuco no primeiro lugar do ranking nacional da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). Foram assaltados 60 terminais de autoatendimento em 2010 e 14 somente nos primeiros 15 dias deste ano. Não se sabe quanto os ladrões levaram em dinheiro vivo. Os bancos e a polícia mantêm sigilo absoluto.

A gangue da bomba, como ficou conhecida, age quase sempre de madrugada, quando as ruas estão desertas, sem policiamento e sem testemunhas. Utilizando-se de explosivos ou maçarico, os marginais deixam um rastro de destruição por onde passam. Por sorte e risco calculado, não fizeram nenhuma vítima. Ora as explosões ocorrem no interior – principalmente na Zona da Mata e no Agreste –, ora na Região Metropolitana do Recife. A ação mais ousada ocorreu no Terminal Integrado de Passageiros (TIP), no Curado, na madrugada do dia 1º de janeiro, quando detonaram, de uma só vez, sete terminais bancários.

Não se sabe quantas gangues estão em atuação no Estado, nem suas origens, se pertencem a alguma facção criminosa do Rio de Janeiro, que fugiu para Pernambuco após as implantações das Unidades de Polícia Pacificadora (UPA), se fazem parte do PCC, de São Paulo, ou mesmo se são marginais pernambucanos foragidos. Será que os bandidos têm alguma ligação com o tráfico de drogas? E com os assaltos a carros-fortes? Há policiais ou seguranças privados envolvidos, passando informações privilegiadas? Onde conseguiram tantos explosivos? Por que a política não divulga fotos ou imagens das ações criminosas para que a população possa denunciar os bandidos? São perguntas ainda sem respostas que ficam na cabeça dos leitores, dos cidadãos. Uma coisa é certa: os ladrões têm demonstrado profissionalismo, experiência e grande mobilidade, conseguindo se evadir com facilidade, sem deixar pistas para a polícia, como se fossem sombras da noite.

Os principais alvos dos bandidos são agências bancárias e mercadinhos, que muitas vezes ficam completamente destroçados, quebrando janelas, desabando o forro do teto, retorcendo esquadrias, estragando mercadorias. Alguns comerciantes já temem em continuar mantendo caixas eletrônicos em seus estabelecimentos, receosos das investidas dos bandidos e dos prejuízos causados pelas explosões. Protegidos pelo seguro que pagam e pela alta lucratividade de seus negócios, os bancos parecem não se abalar com os arrombamentos, pois até agora não anunciaram medida de combate à onda de assaltos. Por outro lado, os sistemas de segurança e alarme das agências bancárias e dos locais onde ficam as máquinas de autoatendimento são frágeis, incapazes de deter a gangue da bomba.

A Secretaria de Defesa Social, que tem conseguido êxito na redução de homicídio e outros crimes graças ao seu trabalho integrado e de inteligência, não demonstra a mesma eficiência até agora no combate à onda de arrombamentos. Diante da inoperância da Delegacia de Roubos e Furtos em conter a onda de arrombamentos, à Secretaria de Defesa Social só restou transferir o delegado titular Manoel Martins para o interior do Estado. Para seu lugar, o secretário Wilson Damásio foi buscar no Núcleo de Inteligência o delegado José Cláudio Nogueira, que recebeu como missão desarticular os grupos responsáveis pelos arrombamentos dos caixas eletrônicos. Nogueira vai integrar as informações de seu órgão de origem com os levantamentos do Departamento de Repressão aos Crimes contra o Patrimônio (Depatri). O trabalho terá sucesso mais imediato se a polícia e os bancos desenvolverem uma parceria para troca de informações no combate à criminalidade.

Outra iniciativa tomada pelo governo é uma campanha em parceria com a ONG Disque-Denúncia, que oferece R$ 5 mil em recompensa para quem der indicações que levem à prisão dos integrantes da gangue da bomba. A divulgação será através de cartazes e inserções comerciais na televisão. Na primeira quinzena deste ano, a ONG já tinha recebido 27 denúncias.
Fonte:Jornal do Comercio Editorial

Nenhum comentário:

Postar um comentário