Paulo Ribeiro, cunhado do governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), está sob investigação do Ministério Público do Estado sob acusação de intermediar o pagamento de propinas a políticos e funcionários públicos que contratavam empresas de merenda.
A Folha revelou ontem que a Polícia Civil fez uma operação de busca e apreensão na casa de Ribeiro, irmão de Lu Alckmin. Ele é alvo de investigação que apura crimes de lavagem de dinheiro, superfaturamento e direcionamento de licitação.
A investigação é conduzida pelo promotor Arthur Lemos Jr., do Gedec (Grupo de Atuação Especial de Repressão à Formação de Cartel e à Lavagem de Dinheiro).
A suspeita se baseia em escutas telefônicas e documentos apreendidos, aos quais aFolha não teve acesso.
A operação foi feita à procura de documentos que mostrariam detalhes sobre o caminho das comissões pagas por empresas para obter contratos públicos.
Há dois anos a Promotoria apura a existência de uma suposta máfia da merenda, que agiria como um cartel para subir os preços.
No esquema, o preço da merenda é sempre superfaturado, funcionários públicos e políticos recebem propina pelo valor mais alto, e o partido do prefeito recebe contribuição não declarada.
A apuração começou em São Paulo, mas hoje se estende a Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Maranhão. Há prefeituras ligadas a PSDB, PDT e PPS.
O nome de Ribeiro aparece na lista como suspeito de ter atuado como lobista em dois contratos com indícios de superfaturamento, com as prefeituras de Pindamonhangaba e de Taubaté.
Em Pindamonhangaba, cidade natal de Alckmin e de Lu, a prefeitura contratou a empresa Verdurama em 2005 para fornecer merendas para cerca de 30 mil alunos. O pagamento anual é de cerca de R$ 5 milhões.
Em Taubaté, há a suspeita de que Ribeiro teria ajudado a Sistal a elevar o valor do contrato de R$ 10,8 milhões para R$ 25 milhões num período de três anos, sem um grande aumento de alunos.
Governador eleito decide não falar a respeito do caso
A Folha não conseguiu encontrar os advogados de Paulo Ribeiro e das empresas Verdurama e da Sistal, investigados pelo Ministério Público de São Paulo.
O governador eleito Geraldo Alckmin decidiu não se manifestar publicamente sobre o caso. Prevaleceu a avaliação de que qualquer declaração alimentaria o noticiário negativo. Questionado, limitou-se a afirmar com ar contrariado: "Nenhum comentário a fazer".
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